Fármacos que atuam no sistema digestório

1. Classes de Fármacos

Fármacos para doenças acidopépticas
Fármacos antieméticos
Laxantes
Antidiarreicos

2. Fármacos para Doenças Acidopépticas

2.1 Diminuição da Acidez Intragástrica

Antagonistas H2
Inibidores da Bomba de Prótons (IBPs)
Bloqueadores ácidos competitivos de potássio
Antiácidos

2.2 Protetores da Mucosa

Sucralfato
Bismuto

2.3 Regulação da Secreção de Ácido Gástrico

A regulação na secreção de ácido gástrico é realizada pelas células parietais, modulada pela histamina, acetilcolina (ACh) e gastrina, ativando seus respectivos receptores: H2, M3 e CCKB.

A ativação desses receptores envolve a ativação da Proteína Quinase A (PKA), resultando na translocação de tubulovesículas citoplasmáticas que contêm H⁺/K⁺ ATPase até a membrana apical, promovendo a fusão das tubulovesículas com a membrana. Isso leva à secreção de íons H⁺ para o lúmen estomacal, acoplada à efluxo de Cl^-.

3. Inibidores da Bomba de Prótons (IBPs)

3.1 Representantes

Omeprazol (oral, injetável)
Esomeprazol (oral, injetável)
Lansoprazol (oral)
Dexlansoprazol (oral)
Pantoprazol (oral)
Rabeprazol (oral)

3.2 Indicações

Úlceras pépticas
Refluxo gastroesofágico
Prevenção de úlceras por uso de AINEs
Pirose

3.3 Mecanismo de Ação dos IBPs

Os IBPs são absorvidos no duodeno e entram nas células parietais gástricas. Eles se difundem para o canalículo secretor, onde se transformam na sua forma ativa (sulfenamida) e se ligam covalentemente a um resíduo de cisteína na H⁺/K⁺ ATPase, inativando-a e impedindo a secreção de H⁺ no lúmen estomacal. Assim, ocorre uma intensa e prolongada redução na secreção ácida.

3.4 Aspectos Farmacodinâmicos dos IBPs

Pró-fármacos que reduzem em aproximadamente 70% a secreção ácida
A eficácia dos diferentes IBPs é similar, mas pode variar entre os pacientes
Em geral, é recomendada a administração única diária
O efeito máximo é alcançado após cerca de 5 dias de uso

3.5 Aspectos Farmacocinéticos dos IBPs

São labíceis em pH baixo, o que exige revestimento entérico para proteção gastrorresistente
Devem ser administrados 30 a 60 minutos antes das refeições para garantir eficácia durante a máxima secreção ácida

3.6 Biotransformação

A biotransformação dos IBPs ocorre principalmente no fígado via enzimas CYP2C19 e CYP3A4. A variabilidade na resposta pode ocorrer devido a diferenças genéticas que afetam a CYP2C19, além do potencial dos IBPs de inibir as enzimas, causando interações medicamentosas significativas.

3.7 Efeitos Indesejáveis

Distúrbios gastrointestinais
Redução da absorção de B12 e minerais (como Mg²⁺, Ca²⁺, Fe²⁺) ligados ao uso prolongado
Associado a risco de anemia, problemas de memória e fraturas ósseas
Aumento de susceptibilidade a infecções intestinais

4. Antagonistas H2

4.1 Representantes

Famotidina (Famox®)
Cimetidina

4.2 Indicações

Usados para reduzir em até 90% a secreção ácida noturna e pH gástrico, especialmente em pacientes que se queixam de refluxo gastroesofágico noturno mesmo em uso de IBPs.

4.3 Efeitos Indesejáveis

Interações medicamentosas devido à inibição de enzimas CYP
Efeitos anti-androgênicos em uso prolongado, como ginecomastia e disfunção erétil

5. Antiácidos

5.1 Mecanismo de Ação

Os antiácidos neutralizam a acidez gástrica por serem bases, oferecendo alívio sintomático em casos de pirose.

5.2 Efeitos Indesejáveis

Pode causar distensão gástrica, eructação e, em alguns casos, alcalose metabólica
A absorção de alguns fármacos pode ser afetada, por isso deve-se manter um intervalo de pelo menos 2 horas entre a administração de antiácidos e outros medicamentos

6. Laxantes

6.1 Formação de Massa

As fibras e farelos são usados na prevenção da constipação, sendo eficazes quando utilizados diariamente por pelo menos 3 dias.

6.2 Agentes Osmóticos

Retêm água no intestino, facilitando a movimentação intestinal. Exemplos incluem sais de magnésio e lactulose.

6.3 Umectantes e Emolientes

Amolecem as fezes para facilitar a evacuação, porém seu uso crônico pode levar a deficiência de vitaminas.

6.4 Estimulantes e Irritantes

Irritam a mucosa intestinal, aumentando a secreção de fluidos e peristaltismo. São eficazes, mas podem causar cólicas.

7. Antidiarreicos

7.1 Princípios do Tratamento de Diarreia

Identificar a causa para tratamento específico
Reposição hidroeletrolítica é fundamental
Uso de probióticos em casos específicos

7.2 Antidiarreicos Opioides

Como a Loperamida (Imosec®) são usados para diarreia aguda inespecífica.

7.3 Efeitos dos Opioides no Intestino

Os opioides reduzem a secreção de água e aumentam o tônus do esfíncter, diminuindo a motilidade intestinal.

Esses fármacos devem ser utilizados com cautela, considerando os efeitos indesejáveis e as indicações específicas.

Fármacos e Sistema Digestório

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